terça-feira, 23 de março de 2010

Recantos da memória... dele...

"Aquele maço de cigarros inerte, doença em potência mas, ainda assim, convidativo pelo doce cheiro das folhas secas por queimar, era o refúgio do meu olhar enquanto ela me arremasava umas quantas verdades... (Como ela ficava desejável nessa sua intrepidez dessas suas razões!!)

A sala estava higienicamente mobilada albergando apenas a intenção decorativa de um gabinete de trabalho. Só uma mesa longa se nos interpunha já que tudo em nós se imbricava apesar das tuas verdades.

Essas recebiam de mim um cabisbaixo e anuente "eu sei", "não sei", "pois...".

Recordo-me do quanto desejei que nada existisse: apenas nós, sem circunstâncias de tempo, lugar, estados civis, compromissos... Que a nossa vida fosse um doce romance em que tudo é viável nos caprichos manipulativos do autor.

E foi nesse desejo que, de repente, nos vi enlaçados (as verdades hirtas, frias, impeditivas esfumaram-se) nos braços e nos beijos um do outro. As bocas incansáveis buscavam recantos inundados de desejo, as mãos sondavam medidas já reconhecidas mas sempre novas a cada passagem. Os olhos, persianas de média luz, viajavam sem rumo. Os corpos agora rendidos aos comandos das emoções ditas, prometidas e incontidas são CORPO, de tanto se sentirem reflexos reflectidos reflectores...

Assim me lembro de ti quando quero esquecer-te..."

2 comentários:

  1. Joana,
    Interessante e fantástico!
    Não adies o amor, não vale a pena tentar esquecer o que não deve ser esquecido!
    Corre atrás do pouco que a vida nos dá de bom!

    Beijinho da Nela

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  2. Joana,
    No meu blogue "fala-se em não adiar o amor" - dá uma espreitadela quando quiseres.

    Beijinho

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