terça-feira, 16 de março de 2010

O desencontro, de novo...

O meu esquema mental sobre “NÓS” tornou-se um verdadeiro labirinto…

(ao enternecimento, seguiu-se, de novo e sempre, a implacável ausência. Jaz, pois, aqui, o seu desabafo em tempos de vazio...)

Dizem que saber esperar é uma virtude, que a pressa é inimiga da perfeição, que depressa e bem não há quem, que quem espera sempre alcança...
“Dizem”... essa entidade que proclama pensamentos cliché, lugares comuns enfadonhos e se esconde numa aparência balofa de Guru do Sentido da Vida…

A verdade é que os clichés confortam quando estamos no tempo deles e com eles nos identificamos.

No meu caso, no nosso caso, esses lugares comuns são irritantes, arrogantes e até petulantes ante a confusão que se instalou na minha perspectiva e percepção desta nova (angustiante e interminável) fase da nossa relação. Ou deverei dizer “relação” enfatizando a diferenciação, anormalidade ou irrealidade que o uso das aspas implica? Pois bem, parece-me justo que eu escreva “relação”. E sabes porquê? Porque efectivamente, não há relação.

Nós não temos uma relação.
Temos afectos, afinidades, sentimentos, uma história mal resolvida, pseudo-concretizada. Temos hiatos de tempo entre nós, outras histórias, outras vidas, outros afectos… Temos vontades, desejos, projectos adiados, incessantemente adiados…

O nosso único e indefectível património comum é o Tempo… os dias, as semanas, os meses que todos se converteram em anos…

E se já nos confessamos arrependidos desse tempo que passou e, portanto, tempo perdido, porque não te mereço hoje um sinal? Uma leve mas indelével presença? Uma interrupção nesse silencio? Será que te assustei e afastei? Será que, afinal, não temos vontades, desejos e projectos e estes mais não são do que meras realidades minhas, numa solitária singularidade?...

Tantas coisas me disseste e escreveste no contexto da impossibilidade, sereno e confiante da tua privacidade. O que mudou? Melhor: essa mudança implica essa estanquidade? Exige essa fuga? Esse isolamento? E se sim (admito), exige nessa medida absoluta?...

A espera é verdadeiramente horrível quando não se tem nada no horizonte que permita estar-se à toa dos acontecimentos e ainda assim com rumo…
Estou sem rumo e sem timoneiro apenas com os despojos de memórias cada vez mais longínquas…

O vazio é mais vazio quando o que se deixa(ste) vago é um lugar exclusivo, singular, especial, próprio, devotado a um sentimento…

Dizer-te "Amo-te, perdição..." tornou-se mais salvador para mim do que reconfortante para ti...

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