terça-feira, 9 de março de 2010

O Abraço dos Afectos...

(ao cabo de um dia de arrumações no meu espaço cúmplice lá de casa, o escritório, encontrei alguns textos que escrevinhei há uns bons três anos... Este é um deles.)


Na verdade, sempre vi a vida idilicamente.
Sinto-me abraçada pelo manto da visão sonhada. Nunca acreditei em Deus ou deuses, em anjos ou forças divinais e (ou) demoníacas(!!), mas o que se me apresentava como transcendente, eu não compreendia. Dizia “fruto da imaginação”, “e se, de repente, isto acontecer?” ah! E ninguém me segurava no devaneio…

Numa clarividência subtil (que paradoxo!) percebi que essa força transcendente e alienante era nada menos que o Amor que sinto dentro de mim…. A Alegria que mora em mim… Sim! Sou uma pessoa amada, amante, alegre e alegrante… e o calor que me invade em certos momentos é tão reconfortante e forte que o meu corpo, mesmo que robusto nas formas e substância, torna-se impossibilitado de conter tanta vontade de dar…

Ainda que (as gentes d) o Mundo seja cada vez mais feroz, intrépido e voraz não abdico da energia que os Afectos têm! São eles que nos conferem humanidade, pessoalidade e quanta força!!

Escrevo estas palavras ainda emocionada pelo abraço de um amiguinho meu.

Hoje, ao cabo de alguns dias de ausência, ele viu-me! Não sei onde arranjou tanta destreza naquele corpinho rechonchudo para correr até mim. Não fosse o Sol uma força da Natureza e diria que a luz daquele momento vinha do sorriso do meu amiguinho saudoso… o abraço foi arrebatador na intensidade, na franqueza, na alegria.

- “Já estava cheio de saudades tuas! Nem imaginas a novidade: Deixei a Ritinha! Tinhas razão! Ela não me merecia!” Que esforço o meu para não rir ante a determinação inabalável daquele meio metro de gente e com quase meia dúzia de anitos! Contive-me e disse-lhe:

- “Desde que estejas feliz, eu estou contigo! Vais ver não te faltarão namoradas!”
- "Achas?" - perguntou ele com uma expressão plena de dúvidas, ansiosa de respostas reconfortantes.
- "Claro que sim!" - e fitei-o intrépida no sorriso que lhe devolvi como quem lhe diz podes confiar em mim e tudo correrá bem.  Ele abraçou-me como um sorriso ainda maior que o meu...

Os olhos dele cantavam melodias só audíveis pelo estetoscópio do afecto que lhe tenho! De facto, dar afecto é bom, receber afecto é bom, mas quando há efeito boomerang a sensação é inexplicavelmente deliciosa…

Momentos destes, ainda que pontuais, justificam e explicam sensações de transcendência e omnipotência. Somos imbatíveis e não há moínhos que nos detenham!

Por isso, e porque a singeleza é tantas vezes sinónimo de imensidão, me apetece gritar apenas: vivam os afectos!!!

(O texto original terminava aqui. Este amiguinho é o Paulinho, que hoje e desde há muitos anos, por força do separação dos pais, foi viver com o pai para a Suíça. Tenho muitas saudades dele mas vou tendo notícias de que está um rapagão. E porque os Afectos, quando fortes, sobrevivem às ausências, deixo aqui um beijinho muito especial para ele no desejo de que o Mundo lhe sorria sempre... )

Feitiços de Afectos...

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