(ao cabo de um dia de arrumações no meu espaço cúmplice lá de casa, o escritório, encontrei alguns textos que escrevinhei há uns bons três anos... Este é um deles.)
Na verdade, sempre vi a vida idilicamente.
Sinto-me abraçada pelo manto da visão sonhada. Nunca acreditei em Deus ou deuses, em anjos ou forças divinais e (ou) demoníacas(!!), mas o que se me apresentava como transcendente, eu não compreendia. Dizia “fruto da imaginação”, “e se, de repente, isto acontecer?” ah! E ninguém me segurava no devaneio…
Numa clarividência subtil (que paradoxo!) percebi que essa força transcendente e alienante era nada menos que o Amor que sinto dentro de mim…. A Alegria que mora em mim… Sim! Sou uma pessoa amada, amante, alegre e alegrante… e o calor que me invade em certos momentos é tão reconfortante e forte que o meu corpo, mesmo que robusto nas formas e substância, torna-se impossibilitado de conter tanta vontade de dar…
Ainda que (as gentes d) o Mundo seja cada vez mais feroz, intrépido e voraz não abdico da energia que os Afectos têm! São eles que nos conferem humanidade, pessoalidade e quanta força!!
Escrevo estas palavras ainda emocionada pelo abraço de um amiguinho meu.
Hoje, ao cabo de alguns dias de ausência, ele viu-me! Não sei onde arranjou tanta destreza naquele corpinho rechonchudo para correr até mim. Não fosse o Sol uma força da Natureza e diria que a luz daquele momento vinha do sorriso do meu amiguinho saudoso… o abraço foi arrebatador na intensidade, na franqueza, na alegria.
- “Já estava cheio de saudades tuas! Nem imaginas a novidade: Deixei a Ritinha! Tinhas razão! Ela não me merecia!” Que esforço o meu para não rir ante a determinação inabalável daquele meio metro de gente e com quase meia dúzia de anitos! Contive-me e disse-lhe:
- “Desde que estejas feliz, eu estou contigo! Vais ver não te faltarão namoradas!”
- "Achas?" - perguntou ele com uma expressão plena de dúvidas, ansiosa de respostas reconfortantes.
- "Claro que sim!" - e fitei-o intrépida no sorriso que lhe devolvi como quem lhe diz podes confiar em mim e tudo correrá bem. Ele abraçou-me como um sorriso ainda maior que o meu...
Os olhos dele cantavam melodias só audíveis pelo estetoscópio do afecto que lhe tenho! De facto, dar afecto é bom, receber afecto é bom, mas quando há efeito boomerang a sensação é inexplicavelmente deliciosa…
Momentos destes, ainda que pontuais, justificam e explicam sensações de transcendência e omnipotência. Somos imbatíveis e não há moínhos que nos detenham!
Por isso, e porque a singeleza é tantas vezes sinónimo de imensidão, me apetece gritar apenas: vivam os afectos!!!
(O texto original terminava aqui. Este amiguinho é o Paulinho, que hoje e desde há muitos anos, por força do separação dos pais, foi viver com o pai para a Suíça. Tenho muitas saudades dele mas vou tendo notícias de que está um rapagão. E porque os Afectos, quando fortes, sobrevivem às ausências, deixo aqui um beijinho muito especial para ele no desejo de que o Mundo lhe sorria sempre... )
Feitiços de Afectos...
terça-feira, 9 de março de 2010
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