quarta-feira, 26 de maio de 2010

... momentos...

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Esperei-te na ânsia dos ventos teus que envidam a embarcação das emoções minhas, mas nem uma brisa senti...



No teu silêncio desoriento-me sem saber como poder atracar em ti... Sim!! Atracar, em todo o sentido figurado da palavra ...
Atracar as emoções, enlaçando-te o corpo qual corda, âncorando-te a voz com sussurros prometidos, flutuando-te nos toques que adivinham entregas, permanecendo-te nos cheiros conhecidos mas ávidos de novas inspirações...

Sopra-me....

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terça-feira, 25 de maio de 2010

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... Ontem refugiei-me no meu local predilecto: frente ao Mar...

É verdade que não é qualquer Mar que me acalma mas apenas o Mar destas praias do Norte...

Negro, velho, cansado na teimosia do desgaste dos austeros penedos, sinto-lhe sabedoria e maturidade para ser meu confidente destes meus estados nostálgicos. A alma só é revelada (ainda que efemeramente) a confidentes eternamente silenciosos...

No enleio da maresia e das danças das gaivotas, já quase enrolada no movimento das ondinhas de maré baixa, ouvi-me, encontrei-te e dei-nos asas...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

... fragmentos de mim...


Escarlate, rubro, vermelho, encarnado...


Gosto desta cor que me transporta para a Vida num pulsar de respiração ofegante, sangue, quente, beijos, coração, abraços, gestos, impulsos, abraços, apertos, gritos, sorrisos, gemidos, abraços, prazeres, olhares destemidos raiados chorados irados... Paixão!

Como eu gosto do vermelho cereja ameixa maçã desta minha blusa de cetim.

Cetim... ah! tecido dengoso, lânguido, atrevido, insinuando o desejo de ser tapete (vermelho) das tuas mãos firmes, impetuosas e intrépidas na descoberta da (minha) pele escondida e tão ávida de ti...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

sem título....

Não tenho tempo para grandes e elaborados textos até porque hoje foi um dia cansativo (muito cansativo!) mas impunha-se uma palavra antes de o tal dia cansativo terminar:

EU AMO OS MEUS PAIS, por serem meus pais mas, muito mais, por as pessoas que eles são...

Hoje, depois de tantas tropelias e aventuras e tensões e alegrias, vê-los sentados num murete, lado a lado, a conversar o resultado de uma consulta médica, partilhando a felicidade das boas novas, como se dois jovens namorados fossem, foi a visão do que é (se existir) o Céu...

Confesso -aqui e agora- que -lá e e naquele momento- me detive alguns segundos a vê-los. A serenidade e a doçura eram uma espécie de bolha que eles construíram, impuseram e assim ali se protegeram num cenário de dezenas de pessoas no vai-e-vem da vida de um hospital... E sorriam-se. Como só sabe sorrir quem tem mais de meio século de cumplicidade e vida partilhada... Fui invadida por uma paz inexplicável e pela certeza de que não mais poderei amar alguém assim, com esta intensidade...

Um dia se eu for mãe e parte de um casal integrando essa realidade de "PAIS" irei lutar para ser, no mínimo, metade do que eles foram e são para mim...

Um beijo com o feitiço de uma filha que sempre teve a honra de ser "alvo" de um sentimento mágico....

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Momentos doces...

Eu gosto dos dias longos.
Destes fins de tarde arrastados, numa brincadeira do dia com a noite cada um exibindo a força dos seus Astros: a Lua impondo a sua escuridão e o Sol que não quer deixar o seu trono de luz. Tudo num cenário de onde exalam já os cheiros do saudoso verão…


Hoje dediquei-me às minhas lides académicas e reencontrei-me com o meu escritório, espaço cúmplice por excelência quer pelo tempo que aqui passo, quer pelos livros que me rodeiam e que são pedaços da minha vida, quer ainda pela música que só aqui ouso ouvir, tão escondida que estou do mundo e tão exposta e a mim mesma…

Nestes fins de tarde abro as duas janelas, de par em par, permitindo que os cheiros do monte que se espraia frente ao meu prédio me invadam num desafio traquina à concentração exigida por um texto sobre direitos humanos…

Confesso: entreguei-me completamente quando resolvi buscar um chá de erva príncipe, fresco na medida exacta… afundei-me na poltrona, deixei viajar o olhar e fiz-me acompanhar de Djavan, outro cúmplice destas viagens deliciosas…

Fui, sem Tempo ou Espaço.
Numa verdadeira alienação parece que toda a minha existência física deixa de fazer sentido e seduzo-me pelos guiões da imaginação, realizados pelo soberbo Desejo, mestre das melhores filmagens das nossas vidas…

Onde estive, quem fui e quem “me recebeu” é coisa inconfessável...

Mas, uma vez regressada, e no ímpeto de aqui deixar registado um momento, um doce momento, sem que encontre qualquer razão para que me apeteça tal partilha, acabo por ver que afinal houve entregas que mais não foram do que fruto de veleidades minhas …

Feitiços adocicados....