quarta-feira, 17 de novembro de 2010

La Vie en rose...

( outro texto do baú...)

Jamais me esquecerei do efeito que aquele monumento provocou em mim...


Saída das cavidades do Metro, ainda aturdida pela emoção da "primeira vez" naqueles rápidos cavernosos, eis que, por entre árvores e sem qualquer pudor ou timidez, rasgando o céu numa declaração de presença, avisto a Torre Eiffel!

E como me deixo sempre levar pelas emoções até ao estado quase hipnótico, caminhei, empurrada pela multidão multicolor e multiactiva...
Engraçado como se consegue observar num aglomerado de gente uma tamanha diversidade de manifestações: uns maravilhados como eu (turistas, sem tempo definido...), outros absorvidos na rotina (mais um dia de trabalho e horários e comboios e metros...), aqueles que namoram (afinal é a cidade do Amorrrrrr...), agradam-me os que pintam e cantam preços de quadros que fazem dançar os olhos ... Fragmentos de vidas que se cruzam (ou não!) sob a égide de um monumento vivo e estático...

Pululavam ali, já no olho da estrutura, centenas, milhares de pessoas... e eu, desta vez já em estado hipnótico, lá observava tudo ... em pensamentos que recuavam aos tempos da edificação dos aços e ferros forjados...

Apesar de tudo não pude deixar de lamentar que a “modernidade” dos telemóveis, dos flashes das máquinas, das músicas disparatadas, as pipocas e cheiros óleos fritos tiravam o glamour à Torre.... como seria bom reviver e apreciar a tranquilidade dos finais do Séc. XIX.

E ver a cidade a meus pés?

A subida no ascensor até ao segundo patamar foi uma aventura. Sair e encostar-me às grades e ter a cidade a meus pés? Indescritível!! Uma imensidão de sensações, pensamentos, planos, suposições, conjecturas... tantas quantas as “caixinhas” que quase conseguia tocar dali!

E tantos outros cantos e recantos parisienses mexeram comigo...

Amei Paris e voltarei para viver Paris...
ali, quando as emoções explodem, a média-luz nos invade e o som do tango nos bairros dos “caffetinos” apela aos desejos...

Poções parisienses...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Fragmentos de um Conto...

Ontem, na minha eterna mania de arrumar desarrumando, encontrei alguns textos que mais não eram, são (serão?) fragmentos de um Conto, de uma qualquer estória...
Pertecem, então, ao meu lado de "escrevinhadora" pois que o sublime epíteto de Escritor é pertença de uma quase casta ou elite, donos que são os seus membros de um verdadeiro Dom que não tenho...

Fragmentos assim expostos... sem ordem ou (crono)lógica, num caos mais ou menos organizado pelo singelo desejo de lhes dar alguma luz..

Foi bom "revisitar" este Tempo em que tentava escrever algo... sério...

Deixo a quem me lê Feitiços logicamente caóticos...

(...)

Assim se despediu ele, conduzido pelo insuportável silêncio que a ausência gritou:


“Acabou...

Esquecer-te é impossível.

Mas não é essa impossibilidade que me leva a não tentar esquecer-te.
Antes, é a minha feroz vontade de te ter tido como minha, num fragmento da vida, que me impele a recordar-te.
Como uma estante sem um livro não é uma estante, como um "Puzzle" sem uma peça não é um "Puzzle", a minha estória sem ti não é a minha estória...

Jamais te relegarei para o canto das memórias apagadas!! Aí jazem os momentos para os quais comprei um bilhete de ida mas jamais de volta. Na força pujante do esquecimento elas não são revisitadas... pertencem-me indefectivelmente mas estão proscritas porque a minha leveza de ser assim o decretou!

Ainda que sejas Pretérito do verbo estar (na minha vida) quero sempre revisitar-te no Gerúndio, bem sabendo que o Futuro não se conjuga...

Bem podes achar-me (e achas!!!) um tonto melodramático, mas refuto essa adjectivação quando o que me move e me turbina é a tenacidade e o pragmatismo. Sim, porque o teu silêncio determinou que em Paixão pode, afinal, falar-se “pragmatismo” ...

Dissemo-nos o que então nos fazia sentido. O que da Alma nos brotava (recordo-me da nossa embriaguez de loucos e apaixonados, jurando-nos almas gémeas)
Hoje nada te sei sem nunca te ter imaginado capaz desta ausência...

Um beijo com o sabor que te permita a memória do que dançámos... “

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Não sei por quem espero... nem sei se ainda existe por quem esperava...


"Apenas é digno da vida aquele que todos os dias parte para ela em combate."


Autor: Johann Wolfgang von Goethe [1749-1832], alemão, Escritor, Cientista, Mestre de Poesia, Drama e Novela


Há pensamentos que nos assomam de tal forma que apenas nos limitamos a reproduzi-los como se tivessem sido por nós pensados...

A vida é magia, é uma dádiva.
É um papel branco, uma virgem tela onde podemos escrever e desenhar tudo o que quisermos com as palavras e cores que desejarmos. E ainda que impedidos dessa voluntariedade temos o supremo e inabalável dever de lutar pelos sonhos, pelas concretizações, pelo sucesso....

... mesmo que morramos na praia, não se oldive nunca que, até esse derradeiro momento, esbracejámos fiéis a um horizonte promissor do Tudo...

Quem assim não vive, esvazia-se, deambulando singelamente nas coordenadas de um Tempo e de um Espaço...

Feitiços de guerreira....

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

... ainda antes de adormecer...


Li e reli os textos deste meu Blog ("meu blog", pomposo não é? enfim...)


Na verdade, alguns são, bons textos, não há que ser falsamente modesta. Nunca o fui e não vejo razões para o ser agora. Vi-me mesmo surpreendida com os comentários que ia cogitando à medida que ia lendo os textos ao ponto até de achar que não era eu a sua autora de tão poéticos que me soavam.

Outros, obviamente, são medianos, simples relatos de fragmentos da minha existência também ela tão simples.

Não pude, porém, deixar de concluir que este blog tem uma carga triste, nostálgica, saudosa e demasiado agarrado a emoções que teimo em convocar para o presente quando as mesmas deveriam estar no protector lugar do "foram, eram, aconteceram".

E quando me deparei com a necessidade de escrever algo mais "light", senti-me incapaz. Porque, neste momento, é essa minha alma nostálgica e intensa que comanda a minha vida.

Permito-me tantas e um sem número vezes que a alegria me invada e rio, e digo tontices, e faço disparates, e sorrio com tanta facilidade, mas quando chego aqui, no momento de desaguar os textos, como que deixo cair o manto e desnudo-me até à nostalgia...

E sorrio, ainda assim, ante esta quase inevitabilidade. E rendo-me a ela, mesmo acreditando que não há ninguém nem nada neste mundo que mereça tal nudez...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Apeteceu-me isto... hoje...

Eu gosto muito do Outono...



O doce cheiro das castanhas a assar no embalo dos cânticos da vendedoras, o Sol teimoso numa afirmação de força ante as ameaçadores nuvens, os gritos das crianças de regresso ou de ida para a escola ..... e uma maravilhosa vista da cidade velha enquanto tranquilamente aprecio a passagem da manhã para a tarde...

No Verão não há esta doce nostalgia, não há tempo para aconchegarmos o casaco no impulso de resposta a um vento frio que nos sopra junto ao pescoço. Não há este calor envolvente quente como um abraço, não há luz tórrida, vermelha-fogo, a esgueirar-se entre os prédios de velhas fachadas orgulhosas de outros tempos...

Como eu gosto de divagar no tempo sem tempo...

Apeteceu-me escrever isto porque hoje me sinto rendida à estação... e vou sair por aí com a melodia e o verso “vou viver como alguém que espera um novo amor” que me ficou desde manhã quando ouvia no carro o álbum da Ana Carolina em CD... (( é linda essa música ...)))

Um sorriso Outonal..

sábado, 31 de julho de 2010

!!!!

(estas coisas dos blogs e das redes sociais permitem-nos um registo em espécie de desabafo que, neste momento, me apetece)


Hoje quase perdi uma amizade que muito estimo e quero continuar a estimar . Por força de uma precipitação de tempos, caí num (legítimo) juízo sobre a minha lealdade que de todo não correspondeu à inocente intenção que esteve por detrás da minha atitude.

Apesar de tudo esclarecido (ainda bem!) levei-me a reflectir , uma vez mais, sobre esta coisa da dualidade de perspectivas de uma realidade ou de um facto real. Quantas vezes a objectividade ou simplicidade de um gesto, uma atitude, uma reacção, uma palavra e até um silêncio, não é questionada ou maculada por uma perspectiva de uma “lente” diferente?

Apesar do constrangimento dessas situações e nunca dispensando a inabalável força da honestidade, resta-nos, ainda assim, acreditar que quem nos vê erradamente tem o dever de assumir a possibilidade de poder estar a ver-nos subjectiva e, por consequência, erradamente…

Espero não mais voltar a ser mal-entendida nos meus gestos, atitudes, reações, palavras e silêncios sendo que de tudo farei para clarificar situações dúbias sobretudo quando o que está em causa é a minha intenção e até o sentido dos meus afectos!

(fim de desabafo)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Carta ao Vasco...

Meu Querido Vasco:

Ainda não fomos apresentados porque esta tua Tia Postiça está sempre numa vida a mil e é bom que comeces a perceber isso em mim. Eu sou a personificação do stress e da ansiedade como os teus pais um dia terão oportunidade de te contar e as tuas outras tias postiças farão questão em confirmar, fartas que estão de me conhecer (aturar?).

E digo que é bom que comeces por perceber esta minha característica porque é precisamente por ela que eu quero dizer-te: OBRIGADA, meu doce Vasquinho!

Um dia contar-te-ão a tua história com outra ternura, com outro sabor, com outro sentimento de gratidão (a uma qualquer entidade com nome ou sem nome, divindade ou simples acaso, não sei…) mas eu gostaria de te dizer que ela tem um encanto especial para mim: contigo aprendi que a magia da vida reside em aprendermos a nada esperar dela. Os projectos, os planos são meros instrumentos da nossa vã ilusão de que dominamos ou comandamos os acontecimentos.

(sim, meu docinho, os teus pais e as tuas tias também te dirão que esta tua tia é uma romântica incorrigível e, nesse seguimento, tem a mania que sabe escrever e, pior!, tudo é pretexto para “textinhos”, “declarações”, “escritos”, “recadinhos” e agora até um Blog… )

Tantas palavras e ainda não te disse que o início da tua história de Vida é de uma beleza e de uma magia fabulosa!! Um começo em grande, meu docinho…

Num quadro de lutas, de frustrações, de receios, de esperanças quase esvaídas mas prontos para iniciar, (agora sim!!!) uma nova batalha, não olhando a meios mas apenas ao fim supremo da tua existência, os teus pais foram presenteados pela magia da “não espera”. Imagina que te “descobriram” no momento em que a Mamã fazia uma Ecografia como exame inicial de um tratamento de fertilidade!!!!! Delicioso, não é? Meses de espera, de procuras, de esperanças e de desesperanças e desespero eis que tu apareces quando já era difícil acreditar que virias…

Nesta fase da minha vida, Vasquinho, nem imaginas o quanto é importante acreditar que essa tua traquinice transformada em lição de Vida é a essência de uma existência serena, o segredo para um percurso mais leve e menos tenso… Nada esperar significa que tudo o que vier é sempre mais do que o que se tinha.

Enfim, fica pois aqui o desabafo e um pequenino retrato desta tua tia que é um poço de emoções…

Deixo-te um beijinho doce com uma certeza de que o início da tua história só pode ser um prenúncio de coisas boas na tua vida e das quais desejo ser participante ou mera espectadora, mas sempre presente…

Da tua Tia Feitiçeira....

( foi preciso o nascimento de uma criança para quebrar a falta de inspiração para a escrita.. )